O sonho de jogar futebol profissionalmente é uma coisa que acompanha quase todos os meninos, senão todos. Comigo não foi diferente, mas meu sonho durou apenas até os doze anos. Foi quando resolvi praticar atletismo e desliguei-me do futebol - não completamente, às vezes eu brincava.
Sem muita habilidade para mostrar, era o último a ser escolhido, até mesmo quando brincava com outros garotos mais jovens.
Com este histórico, não muito afortunado, eu tenho duas histórias muito interessantes para contar. São lições que aprendi numa brincadeira de criança, mas que me servem até hoje.
Quando eu estava no segundo colegial um grupo de alunos organizaram uma competição de futsal. A sala que eu frequentava montou uma equipe pra participar, porém faltou jogador. Como não havia outra opção fui inscrito.
Durante este campeonato fiquei sempre no banco apoiando e gritando – somente eu fazia aquilo. Às vezes me lembro da situação e fico com a impressão de que a nossa equipe era a única que tinha torcida, eu.
No jogo final, pois com o apoio da torcida chegamos à final (brincadeira), eu tive a oportunidade de entrar em quadra e jogar alguns minutos. Fiz algumas coisas e ainda consegui, sem querer, a expulsão de um jogador adversário.Ganhamos o jogo e fomos campeões.
Quando estávamos indo embora pra casa, a equipe toda, um dos jogadores, o Leandro, pegou o troféu e me deu. Fiquei feliz, mas não entendi direito aquele momento, porque ninguém falou nada.
A outra que tenho pra contar é bem mais curta. Ela se passa na praia onde eu e outros colegas estávamos brincando de trocar passes, quando outro grupo chegou e perguntou se queríamos jogar contra eles.
Assim que a partida começou um dos jogadores deles se mostrou muito habilidoso, com o desempenho muito melhor que o nosso. Com este diferencial a equipe deles ficou com três gols na nossa frente.
Apesar de não ser um grande craque eu tinha um bom preparo físico e uma boa noção de marcação e comecei a marcar o principal jogador dele, com isto eles caíram de rendimento e nós empatamos o jogo. Aí começou algumas briguinhas e resolvemos parar o jogo.
Ao terminar voltamos para o apartamento, onde começamos a falar do jogo, porém cada um queria falar de seu desempenho e do gol que havia marcado, com muita tristeza lembrei que eu não havia feito nenhum gol e quando eu resolvia falar da minha estratégia ninguém prestou atenção. Fiquei frustrado.
Na primeira história fui reconhecido pelo apoio à equipe, na segunda tenho a impressão que meu esforço passou despercebido. Porém nas duas situações tive a certeza de que fiz o meu melhor, pra mim e pra equipe. E isto me dá uma consciência tranquila.
Estas duas histórias me trazem muita alegria, com elas posso perceber que reconhecimento não se exige, se conquista.